ATA DA NONAGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 03.09.1987.
Aos três dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Nonagésima Quinta Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídos em avulsos cópias das Atas da Nonagésima Terceira e Nonagésima Quarta Sessões Ordinárias e da Vigésima Sexta Sessão Solene que, juntamente com a Ata da Nonagésima Segunda Sessão Ordinária, deixaram de ser votadas em face da inexistência de “quorum”. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Adão Eliseu, 01 Indicação, sugerindo ao Sr. Governador do Estado determinar a intensificação do policiamento nas Ruas Três e Mico, Vila Jardim Medianeira, até a Av. do Tronco; pelo Ver. Aranha Filho, 01 Pedido de Informações, acerca da Comissão de Defesa Civil do Município; pelo Ver. Hermes Dutra, 02 Pedidos de Providências, solicitando conserto de fuga d’água na Rua Paulino Chaves, entre as Ruas Luís de Camões e São Francisco de Assis; substituição de lâmpada na Rua Carlos Pessoa de Brum, em frente ao nº 155; pelo Ver. Isaac Ainhorn, 02 Pedidos de Providências, solicitando ensaibramento na Estrada Campo Novo, do início até o nº 800; colocação de placas de proibição de lixo no terreno ao lado da Escola Tancredo Neves, na Av. Ver. Roberto Landell de Moura; pelo Ver. Nilton Comin, 02 Pedidos de Providências, solicitando instalação de sinaleira na Av. Wenceslau Escobar nº 1086, em frente ao Residencial Santos Dumont que possui 312 apartamentos com uma população aproximada de mil pessoas residentes; conserto do calçamento no cruzamento da Rua São Miguel com a Rua Intendente Alfredo Azevedo. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 04/87, do Sr. Presidente da Casa do Alegrete; 469; 471/87, do Sr. Prefeito Municipal; 823/87, do Sr. Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção Rio Grande do Sul; 1113/87, do Secretário do Governo do Estado do Amazonas; 1176/87, do Sr. Presidente da Sociedade Ginástica de Porto Alegre, Sogipa; 1177/87, da Câmara Municipal de Aracaju, SE; 1381/87, da Câmara Municipal de Vitória, ES; 1595/87, da Assembléia Legislativa de Florianópolis, SC; 2030/87, da Câmara Municipal de Vitória, ES; 1187/87, da Assembléia Legislativa do Estado; Ofício Circular nº 06/87, da Câmara Municipal de Esteio, RS; Carta do Conselho de Segurança da Restinga; Cartão da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, MG. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Antonio Hohlfeldt discorreu acerca dos remanejamentos que estão sendo realizados pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado, analisando os prejuízos que esses remanejamentos acarretam às crianças, com trocas no meio do semestre letivo, deixando, inclusive, algumas classes sem professores e alertando para as razões que ocasionaram essa medida por parte do Governo Estadual. O Ver. Isaac Ainhorn leu e comentou carta publicada no Jornal do Brasil do dia vinte e sete de agosto, assinada pelo Escritor Antônio Callado, que analisa o problema da terra no Brasil e as conseqüências que os latifúndios e a não-solução deste problema ocasionam para a população, como o êxodo rural e o aumento das favelas e da violência no País. Salientou a importância de estudos e soluções que modifiquem a estrutura latifundiária hoje vigente e busquem um uso mais social e produtivo da terra brasileira. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Cleom Guatimozim, dizendo que nunca os funcionários públicos estaduais foram tão prejudicados como agora, durante o Governo Pedro Simon, comentou afirmações do Secretário da Fazenda de possíveis demissões em massa destes funcionários. Lamentou que essa categoria esteja sendo usada como desculpa para todos os problemas enfrentados pelo Rio Grande do Sul e para a inércia do Executivo Estadual na solução dos mesmos. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Artur Zanella falou sobre a publicação da lista com os salários dos func. do Legislativo Estadual, encarecendo a publicação dos salários dos funcionários do Executivo Estadual e salientando o achatamento salarial sofrido por esta categoria nos últimos anos. Discorreu sobre o Projeto de Lei de sua autoria, em tramitação na Casa, que autoriza o Executivo Municipal a pagar o abono de duzentos e cinqüenta cruzados aos servidores que recebem até cinco salários mínimos. Comentou o pagamento, pelo Governo Federal, de igual abono e o anúncio do Governo Estadual de que procederia também a este pagamento. O Ver. Hermes Dutra falou sobre notícia publicada no Jornal Zero Hora, de que seria realizado, por dez dias, um censo no transporte coletivo de Porto Alegre, lendo trechos dos anais deste Legislativo, de dois anos atrás, quando foi aprovado Projeto de Lei do Ver. Valneri Antunes, de realização de censo no transporte coletivo e comentando posicionamentos favoráveis a este projeto assumidos pela Bancada do PDT. Atentou para o curto período do censo a ser realizado neste ano e os riscos que isso poderá gerar, como a redução do IPK e conseqüente aumento do valor tarifário. A Verª. Teresinha Irigaray discorreu sobre declaração do Pref. Alceu Collares de que em vinte meses Porto Alegre teria seu Teatro Municipal, congratulando-se com S.Exa., tendo em vista os benefícios que um teatro representará para a comunidade proto-alegrense. Destacou a criação, também, de um Corpo de Baile Municipal, analisando o seu significado para o desenvolvimento cultural da Cidade. A seguir, por solicitação do Ver. Getúlio Brizolla, foi efetuada nova verificação de “quorum”. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente deu continuidade aos trabalhos. Na ocasião, o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Isaac Ainhorn, Artur Zanella, Frederico Barbosa e Nilton Comin, acerca da solicitação do Ver. Getúlio Brizolla, de verificação de “quorum”, e da regimentalidade de pronunciamento de Parlamentares em caso de ser constatada a inexistência de “quorum”. Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Flávio Coulon teceu considerações acerca da verificação de “quorum” solicitada pelo Ver. Getúlio Brizola, salientando a pouca presença da Bancada do PDT nas Sessões da Casa e analisando o assunto. Ainda em COMUNICAÇÃO, a Verª. Bernadete Vidal criticou a administração do Prefeito Alceu Collares junto ao Executivo Municipal. Comentou vigília que vem sendo realizada por um grupo de cegos na frente da Prefeitura de Porto Alegre, analisando os objetivos da mesma e os problemas enfrentados por este grupo de cegos sobreviver como vendedores ambulantes após sua retirada, pela SMIC, do Centro da Cidade. Apelou à Casa a busca de uma solução para este problema. Após, o Sr. Presidente respondeu Questão de Ordem do Ver. Flávio Coulon, acerca da retirada, dos anais da Casa, de expressão usada por Vereador durante pronunciamento na tribuna. Após, o Sr. Presidente registrou a presença, no Plenário, do Ex-Vereador do Partido Libertador, Fernando Schneider. Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Frederico Barbosa teceu comentários sobre o debate realizado, ontem, na Casa, entre o Prefeito Alceu Collares e os Parlamentares presentes, acerca do “Projeto Praia do Guaíba” e sobre discussões que S.Exa. vêm mantendo acerca do aproveitamento, pela Cidade, de local ocioso do cais do porto de Porto Alegre. Destacou a importância de amplos estudos sobre estes assuntos, com a participação da população e de todos os setores envolvidos nas questões. E o Ver. Antonio Hohlfeldt congratulou-se com a Secretária Municipal de Educação e Cultura, Profª. Neuza Canabarro, pelo lançamento, a ocorrer amanhã, do 1º Caderno de Restauro sobre o Solar Lopo Gonçalves. Atentou para o significado da restauração dos prédios históricos do Município e a documentação destas restaurações para a preservação da memória de Porto Alegre. Falou sobre a realização, hoje, de Sessão Solene em homenagem aos 80 anos do Jockey Club do Rio Grande do Sul. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às dezesseis horas e nove minutos, convocando os Senhores Vereadores para as Reuniões das Comissões Permanentes e convidando-os para a Sessão Solene, a seguir, destinada a homenagear os 80 anos da fundação do Jockey Club do Rio Grande do Sul. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Teresinha Irigaray, Gladis Mantelli, Frederico Barbosa, Jaques Machado e Lauro Hagemann, o último nos termos do art. 11, § 3º do Regimento Interno, e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli, Frederico Barbosa e Jaques Machado. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
Passamos à
O primeiro orador inscrito é o Ver. Caio Lustosa, que cede seu tempo ao
Ver. Hermes Dutra, que transpõe seu tempo ao Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, agradecendo o tempo cedido pelos colegas, quero abordar uma questão
que é extremamente grave. Está ocorrendo em nível do professorado estadual,
desde a última semana, na Secretaria de Educação e Cultura, mais, no caso da
educação, o chamado remanejamento de professores contratados. A coisa começou
mais na área da periferia, está atingindo alguns bairros mais próximos. E a
perspectiva é atingir o Centro da Cidade, e não parar na questão do
remanejamento. Remanejamento significa: os professores que estão contratados
pela CLT, com salários que vão no máximo a cinco mil cruzados estão sendo
retirados de determinadas escolas e postos em outras escolas a revelia das
direções, seja para retirada, seja para colocação, a lotação na nova escola, e,
evidentemente, a revelia dos professores, ainda que o Estatuto do Professor,
que consta do CPERGS seja muito claro, de que nenhum professor pode ser lotado
em escola sem a sua aquiescência.
Esta situação é grave na medida, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em
que interpreto a coisa como, eu quase diria, vingança, e no mínimo repressão ao
movimento reivindicatório grevista dos professores. E o grave é que, ao invés
de ao menos se respeitar as crianças, em nome das quais se fez a repressão à
greve, está-se descuidando, absolutamente, do aspecto pedagógico. Digo isto,
porque ao menos se poderia esperar o final do primeiro semestre, e então fazer
o remanejamento. A situação me foi resumida por um menino de dez anos que me
disse: “pois é, a gente se acostumou com a professora e agora tem que pegar
outra”.
Na Escola Dom Diogo de Souza, remanejaram oito professoras de
segunda-feira, com prazo na quarta-feira. Resultado: os alunos ficaram sem aula
e, na 4ª série, onde em Estudos Sociais foi uma das professoras remanejadas, e
uma das matérias com maior carga horária. Então, a professora que ficou teve
que pegar três turmas, ou seja, 90 alunos numa única sala de aula. Além do
mais, ontem eu assisti, pela manhã, a professora voltou para a sala de aula
para se despedir dos alunos, e várias crianças choravam na despedida. Eu acho
lastimável de parte de um professor que ocupa um cargo na Secretaria de
Educação, pelo qual tenho respeito, que é o Prof. Bernardo de Souza, do qual
tenho uma profunda discordância pela medida que está tomando, não tanto pelo
remanejamento, mas que não admito ser feito no meio do semestre. Inclusive, têm
sido feitos remanejamentos em escolas que não necessitam daquele professor,
como é o caso específico de um professor que foi retirado da escola Otávio de
Souza e lotado numa escola do Sarandi e, quando chegou na escola, a diretora
disse que não precisava de professora de português, mas de outra matéria.
O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) No tempo do Governador Jair Soares, dois professores
do Instituto de Educação foram remanejados e foram numa Assembléia Geral, e
depois foram afastados. Mas talvez o Ver. Hermes Dutra tenha conhecimento
melhor. Eu ouvi agora o Dep. Wilson dizer que uma pessoa, por ter sido
candidato pelo PDS, foi transferido de Frederico Westphalen para Rodeio Bonito.
Provavelmente uma excursão de turismo.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Acredito que não é só em
Porto Alegre.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Para nós até que é bom isso, porque vem mostrar a
diferença que tem o PMDB do PDS. Acho que aí é que está a diferença, porque nós
nunca fizemos isso. A questão mais grave aí, Vereador, é a seguinte: em Porto
Alegre estão transferindo professores de escolas para Municípios vizinhos,
porque podem faltar professores, vamos admitir que falte e que precise
transferir professores, mas estão transferindo professores contratados, que
ganham uma mixaria e que, com a despesa com condução, vai tornar inviável o
exercício da profissão e se continuar vão terminar desistindo do magistério. Eu
nunca vi isso Vereador.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Eu acho que é isso aí que
eles querem, o meu contato com os professores do Dom Diogo de Souza, onde meu
guri estuda e onde eu sou membro do CPM, a conclusão a que estamos chegando,
além de eventual processo de repressão pela greve, é de que seria, exatamente,
aquela idéia de que o Secretário Bernardo de Souza emitiu, de que queria
demitir as contratadas. Ele não pode fazer isso dentro do processo da greve,
está fazendo agora mediante uma pressão. Quer dizer, o gasto com a condução
será tão incrível que o professor, praticamente, vai pagar para trabalhar.
Então, evidentemente, vai acabar desistindo.
Mas eu queria, sobretudo, antes de passar a palavra para a Ver. Gladis,
registrar isso: eu nem entro tanto, Ver. Hermes Dutra, nesta questão da
decisão, até preferia que ele demitisse frontalmente e objetivamente, se eles
acham que está demais, se acham que eles não prestam, que são desnecessários,
mas que não se fizesse uma coisa que está, na verdade, atingindo as crianças,
porque são as crianças que vão “pagar o pato” dentro do seu programa
pedagógico, dentro do seu programa de aprendizagem. Essa é a minha preocupação.
A Sra. Gladis Mantelli: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Antonio Hohlfeldt, V. Exa. sabe que venho
acompanhando há muito tempo essa questão do magistério. E, na realidade, por
incrível que pareça, esses critérios que estão sendo adotados foram feitos pelo
próprio CPERGS, não foram feitos pelo Prof. Bernardo. Acho que isso também tem
que ser levado dentro dessa discussão. Sabemos que é uma indicação do CPERGS o
quadro único por escola, e, para atender o quadro único por escola, vamos ter
que remanejar professores.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Mas não durante o semestre.
A Sra. Gladis Mantelli: Não, inclusive, durante o
semestre, porque o próprio Estatuto proíbe a remoção em férias. Quando V. Exa.
coloca a questão do Estatuto do Magistério, dizendo que eles estão em salas de
aulas. Estão. Por que estão em salas de aulas? Porque casualmente sempre os
mais novos que chegam numa escola são os que vão para dentro de uma sala de
aula. Os professores que estão há 20 e tantos anos dentro de uma escola, estes
professores, de um modo geral, estão atendendo funções administrativas. Então,
a pergunta que se faz é esta: vamos remover um professor com 20 e poucos anos
no magistério, ou vamos remover um professor que está há dois anos, três anos
numa escola? Este é um problema muito complexo, concordo com V. Exa.: acho que
estão acontecendo uma série de problemas nestas remoções, e não poderia deixar
de ser diferente, porque nós estamos mexendo com pessoas e sempre que nós
mexemos com pessoas nós vamos cometer erros, eu concordo com isso. O CPERGS
está participando das decisões de remoção, quando não concorda, faz reuniões e
vão ao delegado modificar a decisão Isso está acontecendo, nós estamos
acompanhando isso muito de perto. Então, eu achei, Ver. Antonio Hohlfeldt, que
era importante, eu não viria aqui defender o Prof. Bernardo, e não estou
defendendo, estou trazendo alguns critérios que foram levantados pelo próprio
CPERGS como critérios prioritários para a modificação de professores. Então, o
critério prioritário é remover contratados e depois, pelo tempo que este
contratado está na escola, nós vamos tirar professores que estão em salas de aulas.
E as remoções em períodos de férias são proibidas, elas são solicitadas a
pedido do professor em outubro e só são efetivadas em março. Elas não são
feitas no período de férias, a não ser que agora se mude uma regra e que se
faça uma modificação. Então, eu gostaria de que, junto com V. Exa., nós
fizéssemos um trabalho coletivo desta Casa no sentido de cobrarmos do Prof.
Bernardo exatamente os critérios objetivos e como essas remoções estão se
dando, porque eu sei que as direções estão tendo esta possibilidade. Elas
encaminham um histórico à Delegacia do tempo em que os professores estão lá,
dos professores que estão faltando, quando as remoções ocorrem aleatoriamente.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Pelo respeito que tenho a
V. Exa. e pelo seu trabalho, eu acolho a intervenção de V. Exa., mas queria
dizer o seguinte, Vereadora, se houve esta decisão e que, inclusive, haja esta
decisão, legal até, de que a remoção tem que se dar durante o semestre, eu acho
que é ruim, não só o Governo, não é nem o Secretário Bernardo, é o anterior.
Falo como professor e pai, e acho que não podemos sacrificar a criança.
Encaminhei um fonograma ao Secretário Bernardo, estou viajando hoje à noite,
para fazer uma palestra em Alegrete, a convite do CPERGS, e me disponho, na
semana que vem...
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA
(Questão de Ordem): Hoje pela manhã, poucos Vereadores estiveram na Casa, sem falar em
sigla partidária, e até homenageio o Ver. Antonio. É um trabalho, é uma luta, e
até gostaria de colocar mais uma verdade: o nosso convênio, a nossa luta
cresce. Eu gostaria que a Mesa colocasse a minha presença, pois eu cheguei um
pouco tarde, porque estava trabalhando nas vilas.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Concluindo, eu concordo com
a Ver.ª Gladis Mantelli e me disponho a ir com V. Exa. Na experiência concreta,
da Escola D.Diogo, eu vejo que resultou na falta de professores. E, como lá se
faz aulas, nas quartas séries, pela manhã e pela tarde, para recuperação do
período de greve, significou que as crianças ficaram dois períodos sem aula no
decorrer desta semana. E mais, Ver.ª Gladis Mantelli, de acordo com o relato da
Diretora, está havendo um mau encaminhamento, um mau posicionamento das
questões por parte do 1º Delegado de Educação, que acumula, se não me engano, a
17ª. Tanto que as professoras têm saído chorando da sala do Delegado, coisa que
eu tenho certeza não deve ser do conhecimento do Secretário Bernardo de Souza.
Ainda mais, a Diretora me colocou, textualmente, que, na verdade, ela não teve
como discutir o assunto. Recebeu a ordem do remanejo, do deslocamento dos 8
professores, com 48 horas de prazo e liquidou o assunto. Então, a minha
preocupação é no sentido de que se dê mais tempo às direções, ou a
possibilidade de discussão com as mesmas, para que elas possam viabilizar, porque,
neste momento, esta modificação, seja isolada da SEC, ou com a participação dos
CPERGS, para mim, não muda nada em seu resultado negativo - e é isto que eu
quero enfatizar - é contrário ao interesse do aluno e é contra isso que eu
estou-me rebelando. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Ver.ª Bernadete Vidal.
Ausente. Ver. Auro Campani, que cede seu tempo ao Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, o “Jornal do Brasil”, de 27 de agosto, última quinta-feira,
portanto, traz um carta extremamente sugestiva; evidentemente, que não poderia
este documento passar sem o comentário desta Casa, pela importância e seriedade
do assunto, dirigida ao Jornalista Carlos Castelo Branco, a famosa Coluna do
Castelo, que, na última quinta-feira, ou seja, exatamente, há uma semana atrás,
publicou carta do Escritor e Jornalista Antônio Callado, e que diz o seguinte,
extremamente interessante: “Todos escrevem cartas a você, também vou escrever a
minha. Escrevo-lhe exatamente uma carta sobre terra, a nossa terra. Inspirado
em outra carta que você publicou hoje, assinada pelo deputado Roberto Cardoso
Alves. Quantas pessoas como o deputado Roberto Cardoso Alves ou o senador
Roberto Campos ou o líder da UDR Ronaldo Caiado escrevem hoje sobre terra.
Estão escrevendo nos mesmos termos, quase nas mesmas palavras que usaram os
fazendeiros brasileiros quando escreviam, até 1988, sobre escravidão. A lei da
escravidão, libertando o escravo, mas não libertando para redistribuí-la, a
terra não acabou com a escravidão no Brasil. Mudou-se apenas de lugar. A terra,
no Brasil, continua escrava. Não creio estar exagerando na minha formulação. No
seu artigo da comissão ao Presidente nosso comum amigo Afonso Arinos escrevia:
“As favelas de hoje são como as senzalas de ontem. A diferença, naturalmente, é
que os escravos da senzala vinham da costa da África; os de hoje são apanhados
no interior do Brasil mesmo - poupa-se a viagem. Estou escrevendo para você,
Castelo, entre a cruz e a caldeirinha, isto é, entre a carta do deputado e os
rumores de guerra civil que me chegam da Rocinha, vizinha aqui do Leblon, e os
que me vêm mais distante, do Morro da Dona Marta, em Botafogo. A Rocinha e a
Dona Marta existem hoje em todas as cidades do Brasil. Já estamos divididos, os
brasileiros, em duas nações. O êxodo rural vai-nos levar à guerra urbana. Se
tivéssemos alterado a Constituição de 1946, um único dos seus artigos, para
permitir a desapropriação da terra sem pagamento prévio e em dinheiro, teríamos
feito uma Constituição mais útil do que esta que vamos, penosamente, parindo
agora. Aceite um abraço do seu amigo, Antonio Callado.”
Aqui está um documento, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, que, tendo
em vista minha leitura, desta tribuna passa a fazer parte dos Anais desta Casa.
Entendo que a carta de Antonio Callado ao Jornalista Carlos Castelo Branco é
muito clara sobre o que está acontecendo em nosso País. Hoje, como muito bem
afirma, em cada cidade brasileira eu acrescentaria, notadamente, sobretudo nas
grandes capitais brasileiras, existe uma “Rocinha” e uma “Dona Marta”. Há
poucos dias, a polícia do nosso Estado tinha dificuldade em entrar no Morro da
Cruz, que quem sabe não é o nossa Dona Marta ou a nossa Rocinha de Porto
Alegre.
Por tudo isso, é que, 42 anos após a promulgação da Constituição
Democrática de 1946, quando, novamente, o País se reúne em Assembléia Nacional
Constituinte, 42 anos passados, o texto que define o perfil de uma alteração no
estabelecimento rural brasileiro parece que não vai avançar muito. E as
Rocinhas e as Donas Marta, estas favelas vão progredir, vão-se desenvolver em
nosso País, não mais em progressão aritmética, mas, sim, geométrica. Eu chamo a
atenção de V. Exas. que hoje, nos grandes conglomerados urbanos do nosso País,
revivemos um período e um clima de verdadeira - não diria de guerra civil - mas
de pré-revolução. Por quanto, hoje em dia, não há em nenhum momento, não passa
semana em que um motim não se estabeleça em qualquer dos presídios brasileiros,
e esses motins são coordenados por homens que lá dentro muitas vezes têm força
para dirigir e controlar atividades ilícitas fora das paredes dos presídios.
Por todas estas razões, preocupa-nos muito a situação que hoje vivemos nas
grandes cidades, nas grandes metropolitanas do nosso País, com dificuldades
enormes, das grandes massas urbanas de conseguir emprego. Com dificuldades
enormes com relação aos transportes coletivos. E que cada transporte coletivo,
de repente, pode-se transformar, num determinado momento, num estopim de uma
verdadeira convulsão social no nosso País, e tenho certeza de que ninguém quer
arrastar o nosso País para uma situação como esta. Mas, se não tivermos a
necessária sensibilidade, sobretudo aqueles que hoje estão reunidos em
Assembléia Nacional Constituinte, de que há que se mudar a estrutura da terra
no nosso País, nem “D. Martas”, nem “Rocinhas”, nem “Pavãozinhos” e nem tantas
outras favelas que progridem e que se desenvolvem em verdadeira progressão
geométrica. Esse o alerta que faço da tribuna desta Casa, na oportunidade em
que fiz a leitura de uma carta de Antônio Callado dirigida ao Jornalista Carlos
Castelo Branco.
O Sr. Getúlio Brizolla: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Isaac Ainhorn, gostaria de dar uma força e valorizar
tuas frases, porque são frases que não atingem siglas partidárias. São frases
que estão dentro do respeito e de uma moral. Isaac Ainhorn, meus parabéns.
Conte sempre com este peão, Getúlio Brizolla, que sempre estará contigo.
O SR. ISAAC AINHORN: Agradeço o aparte do Ver.
Getúlio Brizolla, que muito me honra pelas palavras generosas que me dirigiu.
Encerro, Sra. Presidente, a minha intervenção no período de Comunicação desta
tarde. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PDT. Ver.
Cleom Guatimozim, V. Exa. está com a palavra por cinco minutos, sem apartes.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, através da história administrativa do Rio Grande, nunca os
funcionários públicos foram tão apontados como culpados dos males deste Estado
e tão perseguidos como no Governo Pedro Simon. Agora, o Secretário da Fazenda,
Dep. César Schirmer, anuncia que haverá dispensa em massa nas estatais, gerando
uma intranqüilidade que não pode, sob hipótese alguma, o Poder Público ser o
responsável pelo desajuste, pelo desacerto social, pela intranqüilidade social.
Não menos afinado com essa situação, está o Presidente da Assembléia
Legislativa do Estado, que, por coincidência, também é do PMDB, Dep. Algir
Lourenzom, porque o nome dele saiu ontem nos títulos protestados, no “Jornal do
Comércio”, hoje ele resolveu colocar o nome de inúmeros funcionários que são
acusados de marajás.
Ora, se quem ganha cinqüenta mil cruzados é marajá, homens que têm
nome, como advogados, como profissionais liberais que poderiam ganhar isso aí
em uma manhã ou em um dia, então, a palavra marajá está sendo mal aplicada. O
funcionalismo público, no momento, do Estado e da Assembléia Legislativa, estão
pressionados pelo Governo. Por um lado, pela Presidência da Assembléia
Legislativa e, por outro lado, pelo Governador do Estado e pelo Secretário da
Fazenda, que eu nunca vi nenhum destaque de S. Exa. no setor da economia e
finanças. Há uma revolta do funcionalismo que vai desde os professores que
ficaram em greve num tempo recorde na história política-administrativa do
Estado, por incompetência do Governo. Mas seria interessante que o Governo
justificasse os seus fracassos, não colocando em cima do funcionalismo público
todos os males deste Estado. Ora, eu não estou sendo um crítico imperdoável,
porque esta é a realidade. Em todas as Secretarias, os funcionários estão
apavorados com a perseguição do Governo do Estado em cima deles. Agora, a
Assembléia Legislativa, examinem os Senhores a nominata publicada hoje nos
jornais, como marajás. Eu acho que é pior ter publicado na lista dos títulos
protestados, como teve ontem o Presidente da Assembléia Legislativa o seu nome.
A não ser que seja a alguém com o nome exatamente igual. Se não for ele, muita gente
pensou. Então, deveria ter dado um esclarecimento. Ou será que o título
protestado é para dar mais prestígio na lista publicada. Veja que o Presidente
da Assembléia achou que os vencimentos de 145 mil cruzados eram pouco e que ele
ia trabalhar como advogado. Ora, qualquer advogado sabe que os integrantes de
uma Mesa Legislativa não podem advogar. É proibido por Lei Federal. Então, Srs.
Vereadores, os funcionários do Estado vivem dias de pavor com este Governo.
Vivem uma perseguição violenta de acusações diárias, como se pudéssemos salvar
o Estado através das acusações que se fazem ao funcionalismo. Acho que nunca o
funcionalismo esteve tão massacrado como hoje. Eu acredito que as últimas
declarações do Sr. César Schirmer, dizendo que haveria dispensa total, em
massa, das estatais, para gerar o medo no funcionalismo, é para que estes
funcionários não tentem os seus direitos das reposições salariais e daquilo que
recebem até mesmo através da recomposição econômica do País.
Digo, Srs. Vereadores, sem ser crítico imperdoável, sem ser um crítico
sistemático de que deveria o Governador do Estado, a sigla a que ele pertence,
inclusive a Assembléia Legislativa, repensar estas agressões violentas a uma
classe que toca o êmbolo administrativo do Estado, que é o funcionário público.
Muito obrigado.
Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito,
em Comunicações, é o Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, eu pretendia tratar de dois assuntos aqui, um dos quais já entrei
com Pedido de Informações, no mês de maio. Retirei esse Pedido e entrei com o
mesmo, novamente, esta manhã. Trata-se do Censo de Passageiros. Na época, meu
Líder era o Ver. Hermes Dutra, e até consta nos Anais os discursos do Ver. Elói
Guimarães, e há também a Lei do nosso saudoso Ver. Valneri Antunes. Não
tratarei desse assunto, e fazendo um contraponto ao discurso do Ver. Cleom
Guatimozim, eu diria que, ao contrário, estou esperando que publiquem os
salários dos funcionários do Estado, especialmente o meu, técnico-científico
por concurso, desde 1962, já com a gratificação de Secretário de Estado
incorporada ao mesmo, e com um líquido de onze mil cruzados, com quarenta horas
de serviço, tendo exercido os mais altos cargos no Estado, com Cz$ 11.800,00 de
líquido. Isso eu gostaria que fosse publicado, para verem o achatamento
salarial dos funcionários estaduais.
Mas eu também queria comunicar, já que não se pode mais falar em Pauta,
aparentemente, nas últimas Sessões, que apresentei Projeto de Lei que já foi
tachado de inconstitucional pela nossa Procuradoria - e eu concordo com ela,
pois, de acordo com a Constituição em vigor, o Vereador, ou Deputado não pode
apresentar projeto que aumente despesas. Mas eu apresentei Projeto autorizando
o Sr. Prefeito a pagar aos funcionários públicos municipais de quadro o abono
de 250 cruzados a que tem direito todo aquele que ganha até 9 mil e poucos
cruzados, que é um pagamento até simbólico para cobrir o aumento que houve na
tarifa dos transportes coletivos. Mas este pagamento tem sido sonegado a todos
os funcionários de quadro, sob a alegação de que só têm direito os funcionários
da CLT. Vejam os Senhores, as Senhoras, a injustiça: se um operário tiver 10
anos e um dia de serviço e estiver tapando buraco na rua, consertando canos no
DMAE, se tiver 10 anos e um dia, ele entra para o quadro e não recebe; o seu
colega que tiver 9 anos e 11 meses, esse recebe; então o Governo Federal já
determinou o pagamento para todos os funcionários federais, inclusive os aposentados;
o Governo do Estado anuncia que terá procedimento idêntico e o Município não
paga, já o Sr. Secretário declarou que não vai pagar, e eu conversei com o
Prefeito Municipal, que me disse que não tinha base legal para este pagamento.
Pois agora terá, aprovado este Projeto nesta Casa, ele está autorizado ao
pagamento; não poderá negar que é inconstitucional o Projeto, porque está
firmada jurisprudência de que, se ele sancionar o Projeto, ele assume a
paternidade do mesmo; ele, o Poder Executivo, com o que se afasta a
possibilidade de o Projeto ser transformado em Projeto inconstitucional. Vejam,
Senhores, que eu não estou pedindo 250 mil cruzados, que é um terço do que
ganham os coronéis da Força Pública de São Paulo. O Projeto fala em 250
cruzados para todo aquele que ganha em torno de 9500 cruzados, porque agora se
alterou um pouco com a alteração do salário mínimo de referência. Espero, já
que a ilustre Bancada Governista desta Casa está um pouco rarefeita, a não ser
pela presença da Ver. Teresinha Irigaray, que está no exercício da Presidência,
e não como representante da Bancada do Partido Democrático Trabalhista, espero
que o único Vereador remanescente, conversando lá ao fundo, consiga levar ao
Sr. Prefeito Municipal este interesse nosso, de que também o pessoal do quadro,
tão sacrificado quanto os outros, receba esse abono que, se não resolve
problema algum, pelo menos por uma questão de justiça, tendo em vista o
reajustamento dos ônibus e transporte coletivo de Porto Alegre.
Como eu sou um saudosista, uma pessoa que gosta de ouvir coisas
antigas, gosta de ler os Anais, preparo-me, então, para ouvir o Ver. Hermes
Dutra, que recordará para nós o que significa a coerência, o que significa o
cumprimento das leis, e como as pessoas mudam quando assumem o bastão do poder.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray):
Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra.
O SR. HERMES DUTRA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores. Hoje pela manhã, conversava o Ver. Artur Zanella com este Vereador
sobre a notícia da “Zero Hora”, que informa da realização do censo municipal do
transporte coletivo, segundo o qual notícias da Secretaria Municipal dos
Transportes, o Secretário Elói Guimarães, nosso colega desta Casa, informava
que, durante 10 dias, cada passageiro receberá um "tiquet" que deverá
ser inutilizado ao passar de ônibus, para, com isso, poder ter a Secretaria
Municipal dos Transportes dados mais concretos em relação ao número de
passageiros, que nós sabemos é um fator fundamental para o levantamento do
custo da tarifa, porque, através do número de passageiros de percurso médio dos
ônibus, se chega ao IPK, índice de passageiros por quilômetro, que é um
divisor. Então, quanto maior for este número, menor será o resultado. É
importante que se tenha o exato levantamento dos passageiros transportados.
Mas o Ver. Zanella conversava comigo e lembrávamos da verdadeira guerra
que enfrentávamos quando da aprovação deste Projeto. Eu me dei ao trabalho de
buscar os Anais da Casa para refrescar a memória da Administração Socialista da
Cidade, no momento sem representação no Plenário, com exceção da nossa ilustre
e querida Presidenta, que, pelo cargo que está exercendo, no momento não pode
intervir na discussão. Mas eu vou ler alguns trechos aqui da Sessão
correspondente a 2ª Sessão Legislativa Ordinária da 9ª Legislatura, outubro,
volume 10/84, página 112.
“É um mês de censo, um mês de mobilização, para que a SMT, juntamente
com os Vereadores, possa esclarecer a população. Parece-me que aí é que está o
medo, caso o Projeto seja aprovado. E mais: o meu Projeto é um Projeto de
censo. Se a SMT quiser continuar fazendo pesquisa, que continue; o meu Projeto
não fala nada sobre isso. Agora, a lei é sobre o censo. Só não venham
confrontar o meu Projeto com a pesquisa da SMT. Então, para terminar, eu quero
dizer que continuo com o meu Projeto, assim como está, com a Emenda proposta
pela Liderança do meu Partido, e o PDS que vote com o Prefeito Municipal João
Dib. A Bancada do PDS, que é tão fiel e que ontem brigou tanto na defesa de seu
Prefeito nomeado, que vote de acordo com o Sr. Prefeito Municipal. Então, eu
encaminho, logicamente, de forma favorável ao meu Projeto, esperando que a
Bancada do PDS vote com o Prefeito Municipal e com a oposição.”
Essas palavras foram proferidas pelo hoje falecido Ver. Valneri
Antunes, à época Líder do PDT nesta Casa, que apresentou um Projeto sobre a
realização de um censo. Um Projeto errado, sobre o qual o Ver. Artur Zanella,
que entendia de transportes, porque exerceu a função de Secretário Municipal de
Transportes, elaborou um Substitutivo e o apresentou. Apenas consta meu nome
como apresentador porque só poderia ser apresentado por um Líder de Bancada,
mas, quem fez a Exposição de Motivos, todos os artigos, foi o Ver. Artur Zanella,
exatamente corrigindo as falhas que existiam no Projeto de Lei do Ver. Valneri
Antunes. E esta Casa fez ouvidos de mercador, votou contra o Substitutivo, só
os votos do PDS, isolados, lá num canto. E o PDT, o PMDB votaram maciçamente a
favor. Uma Lei ruim. Na época fizemos uma Declaração de Voto que vou ler aqui.
Página 113 do referido tomo: “A Bancada do PDS vota contra o Projeto original
do Ver. Valneri Antunes, porque o mesmo poderá prejudicar a população e
beneficiar os empresários.”
Assinado: seguem-se os nomes dos Vereadores do PDS. E foi aprovado,
apesar de votarmos contra o Projeto de Lei do Ver. Valneri Antunes, mesmo com a
nossa insistência, dizendo que o Projeto era ruim e que não ia funcionar.
O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Acho que V. Exa., por modéstia, para não enaltecer
demais, não recordou que o Líder do PDT, à época, o Ver. Elói Guimarães, com
quem tratamos diversas vezes, reconhecia que ia causar problemas, dizendo que
não poderia modificá-lo, mantendo-o errado, porque não tinha entrado uma emenda
e, sim, um Substitutivo. Colocamos que regimentalmente tinha que ser
substitutivo, e ele disse que depois se acertaria. Agora ele está acertando.
Mas, ilegalmente. Nesses Anais, deve haver a posição do Ver. Elói Guimarães,
porque o Projeto não fala em trinta dias por mês. Fala em todos dias de todo o
mês. E mais: o Ver. Elói Guimarães hoje diz que vai também fazer com que os
isentos também preencham as condições do censo. Não sei como, porque a Lei
manda que sejam somente dois tíquetes, de cores diferentes. Um com o número de
passageiros, indicado pelas empresas; segundo, o número excedente. Então, não
há tíquete para isentos e vai acontecer uma coisa extremamente salutar para os
empresários, porque aquelas pessoas que não pagam e hoje entram pela porta da
frente vão entrar na tarifa novamente e vai ser rachada por todos. Hoje isto só
é suportado pelo empresário, aí vai socializar o pagamento, coisa que imagino
não seja do interesse do Ver. Elói Guimarães, e não vou citar o autor do
Projeto, porque não está conosco mais.
O SR. HERMES DUTRA: Mas veja que Deus escreve
certo por linhas tortas. Não é que o Secretário Municipal dos Transportes, que
vai fazer o censo de passageiros em 10 dias, é exatamente o Ver. Elói
Guimarães? Repito, vai fazer o censo em 10 dias. E agora vou ler a Lei: art. 6º
da Lei 5.470 - A Prefeitura Municipal através da Secretaria Municipal dos
Transportes, ou do órgão que venha a substituí-la exercerá a fiscalização da
entrega dos tíquetes criados pela presente lei aos passageiros de todas as
linhas, servidos por todas as empresas permissionárias, em todos os dias do mês
escolhido para realização do censo. Acho que não há a menor dúvida de que todos
os dias de todo o mês, ou é 28 dias se for fevereiro, ou é vinte e nove dias se
for bissexto, ou será 30 se o mês for de 30, ou de 31 dias. E o Ver. Elói
Guimarães vai fazer um censo com a duração de dez dias, que será uma amostragem
que nós fazíamos e que se dizia na época que era uma amostragem feita pelos
empresários, porque o Substitutivo elaborado pelo Ver. Artur Zanella na época
previa exatamente a realização de um censo com a maior seriedade, Ver. Coulon.
Mandava fazer um censo e se houvesse discrepância com o IPK apresentado até então,
acima de 5%, mandava imediatamente fazer outro censo, porque poderíamos correr
o risco, como se pode correr o risco, de o IPK baixar pela metade e, por via de
conseqüência, como ele é um divisor, ele vai afetar o resultado final da
operação. E, se reduzirem o IPK em 20%, a tarifa acrescerá 40%, porque, repito,
ele está abaixo da linha divisória.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Hermes Dutra, estou estarrecido com esta nova
sistemática. E, como o Secretário dos Transportes, Ver. Elói Guimarães, não
responde nem o que a gente manda perguntar para ele, por escrito, desde junho
de 1987, estou imaginando que esta nova fórmula que ele descobriu de que em dez
dias se faz a mesma coisa, com a mesma eficiência e precisão de 30 dias, deve
ser uma fórmula que ele descobriu, porque eu não imagino que ele queira
atropelar a Lei e queira atropelar as regras de amostragem de um problema
estatístico. Então, eu perguntaria se, nesses dez dias, entra um sábado e um
domingo ou entram dois sábados e dois domingos. O que me causa perplexidade é
que, se ele não responde carta desde junho para cá, ele não vai mandar dizer
qual foi esta fórmula milagrosa que ele descobriu que em dez dias se pode fazer
a mesma coisa em 30 dias.
O SR. HERMES DUTRA: Eu quero, dizer que, da
minha parte, eu não tenho esta queixa do Ver. Elói Guimarães, ele tem sido
muito atencioso comigo, responde às questões. Veja bem, nós, na época, tentamos
mostrar que a Lei como está é impossível. Eles não nos deram a menor atenção,
dizendo que nós estávamos a favor dos empresários. Agora, eu gostaria de saber
se estes 10 dias vão ter um fim de semana ou dois fins de semana.
Estatisticamente é bem possível fazer em 10 dias o que a Lei manda fazer em 30
dias, desde que de forma científica. Mas havia uma mania desta Casa de não
aprovar nada que viesse do PDS, Ver. Cleom. O PDS era o mau, não se podia
aprovar nada, e o resultado está aqui.
O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só queria dizer que eu também recebi a resposta do
Ver. Elói Guimarães. Reclamei um mau estacionamento no final de 1985, e há
poucos dias recebi a resposta de que haviam enviado um brigadiano lá, para
evitar o estacionamento em fila dupla.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA (Questão
de Ordem):
Gostaria de colocar que nós estamos iniciando um mês muito bom, que é o mês do
meu aniversário. Até sol tem na Casa, hoje. Eu gostaria, com toda a gentileza
da Casa, em nome da minha querida amiga Vereadora do PDT, Teresinha Irigaray, colocar
que, na Semana Farroupilha, viessem todos pilchados, para demonstrar que somos
gaúchos, pois não podemos esquecer aquilo que somos.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa acolhe a sua Questão
de Ordem, mas solicita que a mesma seja feita por escrito.
O SR. ARTUR ZANELLA (Questão
de Ordem):
Secundando o pedido do nobre Ver. Getúlio Brizolla, eu sugeriria que os seus
colegas comparecessem aqui, também, porque eu não tenho tido o prazer de vê-los
neste Plenário. Pode ser até sem pilcha mesmo.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu lamento não ter podido assinar, pois tive que
atender um assunto da Comissão de Transportes, para saber o conteúdo, mas tinha
conhecimento da intervenção de V. Exa. sobre o cumprimento da Lei que estabelece
o censo no prazo que exige que seja em 30 dias e que V. Exa. referia que o Sr.
Secretário tinha feito 10 dias. Eu acho que tudo está muito no terreno das
hipóteses. Eu mesmo já contatei com o Secretário Elói Guimarães, e ele informou
que fará o censo rigorosamente dentro da Lei. Acredito que a Lei está aí para
ser cumprida e, como dizia o Dr. Borges de Medeiros, a Lei está aí para ser
cumprida e devidamente interpretada.
O SR. HERMES DUTRA: Acredito, de minha parte,
se houver outra interpretação para esta expressão (Lê.) “em todos os dias, de
todo o mês escolhido para a realização do censo”, se houver outra interpretação
que não seja 30 ou 31 dias, eu confesso que me rendo, mas acho que não se
renderá o Vereador Hermes Dutra, render-se-á a numerologia nacional porque o
PDT, a Administração Socialista terá conseguido o impossível, conseguir um mês
de dez dias. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Frederico Barbosa): Próximo inscrito, Ver. Adão
Eliseu, que cede o seu tempo à Ver.ª Teresinha Irigaray.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, afora os grandes problemas que afligem nossa Cidade, que
diariamente constatamos, debatemos, afligimo-nos, tentamos solucionar, propomos
alternativas, uma notícia, pelo menos para mim, e acredito que, para outros
Vereadores, agradável, simpática, uma notícia positiva, como a promessa, vinda
do Executivo, e que saiu no jornal de segunda-feira, de que, em 20 meses, Porto
Alegre terá o seu Teatro Municipal, numa época em que os problemas, como já
disse, se avolumam, problemas muito graves que atacam a classe trabalhadora, de
salário, de alimentação, de habitação, de transporte, constitucionais, que
dizem respeito ao futuro incerto desta Nação. Esta notícia me traz um alento
porque estamos, há muito tempo, em busca de uma solução cultural para a Cidade,
e somos batalhadores - e eu lamento a ausência, no Plenário, do Ver. Aranha
Filho, do PFL, que, juntamente com esta Vereadora, luta para que seja criado em
Porto Alegre o Corpo de Baile Municipal, a exemplo de todas as grandes
capitais, como Rio, São Paulo, Recife. Em relação a todas as outras, Porto
Alegre está abaixo porque não possui, apesar do seu forte potencial humano,
apesar da sua mão-de-obra qualificada, não possui o seu corpo de baile
municipal.
Então, esta notícia onde o Sr. Prefeito, juntamente com a Secretária
Municipal de Educação e Cultura, Prof.ª Neuza Canabarro, entregam uma carta de
intenções, onde, por iniciativa do Sr. Jofre Miguel, será construído o Teatro
Municipal de Porto Alegre, que abrigará oficinas para artistas, restaurantes
para os funcionários, salas para ensaios de grupos teatrais, devendo funcionar
também o Corpo de Baile Municipal de Porto Alegre. Vereador Flávio Coulon,
sabemos que os problemas mais angustiantes são saúde, educação, alimentação,
sobrevivência; mas também não é disso que nós vivemos, e não só para isso que
nós trabalhamos. A parte cultural da Cidade não poderá jamais ficar esquecida;
Porto Alegre é considerada, no cenário nacional, como o terceiro pólo cultural
do País, e não possui nada disso; temos diversas escolas de balé, academias de
dança, diversas academias de arte funcionando, onde nós apenas preparamos para
outros Estados. Então, não nos parece justo, não nos parece feliz a idéia de
nós formarmos elementos, mão-de-obra qualificada, para irem para outros Estados
e para depois Porto Alegre ter que contratar, que pagar esses elementos para
darem espetáculos aqui. É o que acontece quando vem o Guaíra, quando vem o
Colón, de Buenos Aires, quando vem o Teatro de Montevidéu, quando vem de São
Paulo, quando vem do Rio de Janeiro. Então, Porto Alegre, tendo tudo isto, vai
ter a sua infra-estrutura, vai ter elementos para poder disputar em nível
cultural com as outras capitais.
Acho que anda bem o meu Prefeito, Alceu de Deus Collares, bem inspirado
em dia feliz, segunda-feira, como diz o jornal, numa cerimônia simples, tão
simples que nós não ficamos sabendo. Em cerimônia simples, o Sr. Prefeito
assinou esta carta de protocolo pelo qual está enriquecendo a área de cultura
de Porto Alegre e prometeu isto em 20 meses. Então Porto Alegre vai ser, agora,
um centro gerador de cultura, nós vamos ter condições próprias específicas,
particulares, sociais, nossas, para junto com a nossa rica tradição, Ver.ª
Bernadete, junto com o nosso rico tradicionalismo, Ver. Getúlio Brizolla,
podermos mandar irradiar para os outros pólos culturais do Brasil tudo o que
nós temos de bom em matéria de elemento, de cultura, de tradição e de arte. Tão
bem-inspirado andou o Sr. Prefeito Municipal e terá com certeza o apoio de toda
esta Câmara Municipal.
O Sr. Getúlio Brizolla: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu tenho a honra muito grande, mas grande mesmo, do
tamanho do Rio Grande, que a Ver.ª Teresinha Irigaray me concedeu este aparte.
Valorizo-te desde o dia em que eu nasci, que é muito claro que o tamanho da
minha honestidade é o tamanho da tua honestidade. Agora, este Getúlio Brizolla
olha muito de perto, examina os trabalhos deste Município onde sou Vereador.
Então, eu tenho um grande compromisso, mas grande mesmo, de trabalhar
por aqueles que confiaram no meu voto. E eu tenho o respaldo de verdade de
dizer que Brizolla nasceu para trabalhar, Brizolla é um princípio de uma vida,
que hoje está colocando as diretas-já.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Sou grato a V. Exa. pelo
aparte, Ver. Getúlio Brizolla. Este aparte de V. Exa. enriqueceu sobremaneira o
meu pronunciamento sobre a cultura da Cidade.
Ver. Getúlio Brizolla, V. Exa. tinha levantado uma questão de ordem,
dizendo que o mês de setembro está radioso e lindo na Cidade de Porto Alegre
porque era o mês do seu aniversário. E eu até entendo isto como um presente de
aniversário, nobre Vereador, esta promessa do Prefeito Alceu Collares de dar em
20 meses a Porto Alegre o seu Teatro Municipal para engrandecer a cultura da
Cidade de Porto Alegre, a cultura do povo de Porto Alegre, esta amostragem que
nós vamos fazer de tudo que nós temos de bom e de maravilhoso dentro do nosso
tradicionalismo, da nossa arte, da nossa cultura. V. Exa. é privilegiado em
estar de aniversário.
Quisera eu estar de aniversário neste mês para poder dizer, no mês do
meu aniversário o Prefeito Alceu Collares assinou uma carta de intenções, dando
à Cidade de Porto Alegre a possibilidade de vir crescer em cultura dentro do
cenário nacional. Nesta tarde, então, esta parte que consideramos importante,
que será agregada à Cidade de Porto Alegre. Tenho certeza de que esta Casa, com
todos os Seus Vereadores, de todos os segmentos partidários, estará unida,
abraçada, na idéia de proporcionar à Cidade aquilo que ela terá de melhor e
demais belo: o seu teatro, a sua cultura, a sua música, a sua arte, o seu
"balet". Nós estamos felizes em participar porque batalhamos, e mais
batalharemos, para que seja criado o Corpo de Baile Municipal com elementos
nossos, formados pelas nossas academias, moldados pelas nossas mestras, dentro
de nossas mais cultas tradições e dentro de nossa mais bela arte. Porto Alegre
está de parabéns. Está de parabéns também a Bancada do PFL, através do Ver.
Aranha Filho. Estamos de parabéns porque todos nós desejamos que Porto Alegre
seja agraciada dentro da sua parte cultural. Queira Deus que este Projeto se
viabilize dentro do prazo previsto, que, em menos de dois anos, realmente Porto
Alegre possa ser cenário de grandes espetáculos culturais e artísticos,
proporcionados pela nossa arte e pela nossa gente. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. FLÁVIO COULON: Solicito Comunicação de
Liderança.
O SR. GETULIO BRIZOLLA
(Questão de Ordem): Peço à Mesa que proceda à revisão de “quorum”.
A SRA. PRESIDENTE: Vereador, a Mesa já aceitou
o pedido do Ver. Flávio Coulon, para falar em tempo de Liderança, pelo PMDB. E
a Mesa vai manter a sua palavra.
Peço à Sra. Secretária que proceda à chamada dos Vereadores para
verificação de “quorum”.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Indago de V.Exa., porquanto V.Exa. já havia dito que, muito embora não houvesse
“quorum”, a Sessão ia continuar, indago a V.Exa. se, após a chamada, não
havendo “quorum”...
A SRA. PRESIDENTE: Vamos aguardar a chamada,
Ver. Isaac Ainhorn, vamos ver se existe “quorum” e quem poderá dizer é a Sra.
Secretária após a verificação.
O SR. ARTUR ZANELLA (Questão
de Ordem):
V. Exa. tinha dado a palavra ao Líder do PMDB, e o Ver. Getúlio Brizolla
solicitou revisão de “quorum”, que é uma palavra que não existe no Regimento
Interno. Então, o Líder do PMDB deve ocupar a tribuna. (Pausa.) Já que agora o
Ver. Getúlio Brizolla fez a retificação do seu pedido, já que agora ele quer o
correto, uma verificação de “quorum”, creio que V. Exa. deve fazer essa
verificação de “quorum” após o pronunciamento do Ver. Coulon.
(Apartes paralelos.)
A SRA. PRESIDENTE: Ver. Artur Zanella, faremos
a verificação de “quorum”, mas, mesmo não existindo “quorum”, a Mesa vai
assegurar a Liderança ao Ver. Flávio Coulon. Decisão da Mesa, Vereador.
O SR. FREDERICO BARBOSA
(Questão de Ordem): Sra. Presidente, apenas para
que possamos ter a tramitação normal da Sessão, sem agitação, eu peço que nem
mesmo seja feita a verificação, porque é uma questão de soma. Não há o que
verificar, tem mais de doze Vereadores no Plenário neste momento. Eu peço que
se dê tramitação normal, porque estamos aqui para trabalhar e não para
interromper a Sessão. Existe número, absolutamente tranqüilo para prosseguir os
trabalhos.
A SRA. PRESIDENTE: A Sra. Secretária fará
apregoação de um Requerimento. Peço calma aos Srs. Vereadores e vamos dar
continuidade aos trabalhos.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Nada contra o direito pleno de falar do nobre Líder do PMDB, Ver. Flávio
Coulon. A única coisa que quero registrar é a seguinte: realmente, quando o
Ver. Getúlio Brizolla requereu verificação de “quorum”, não havia
"quorum" neste Plenário. Se a Mesa decidiu hoje que, mesmo sem
“quorum”, vai continuar a Sessão, ela está cometendo um grave precedente, pois
está infringindo violentamente o Regimento Interno, o qual todos os Vereadores
devem respeitar e, sobretudo, a Mesa.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa assume a responsabilidade
dos seus atos, Ver. Isaac. A Mesa, logo após o pedido do Ver. Getúlio Brizolla,
solicitou que a Secretária procedesse à verificação de “quorum”, V. Exa. deve
estar lembrado.
O SR. NILTON COMIN (Questão
de Ordem):
É a primeira vez que solicito uma Questão de Ordem. Eu gostaria de saber de S.
Exa., a Sra. Presidente, se qualquer Vereador, quando chamado em seu gabinete
para atender um telefonema, tem que dar uma satisfação pública à Casa.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa acolhe sua Questão
de Ordem. A Sr. Secretária procederá à verificação de “quorum”.
(A Sra. 1º Secretária procede à verificação de “quorum”.)
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: Há “quorum”, Sra.
Presidente.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA
(Questão de Ordem): Estou preocupado pelos 33 Vereadores da Casa que, no momento, não
respeitaram. Não adianta buscar os Vereadores nos gabinetes. Eu, pelo menos,
tenho direito a assessores que trabalham no meu Gabinete e cuidam dele, e estou
aqui, sentado na tribuna.
A SRA. PRESIDENTE: Existem quinze Vereadores
em Plenário, e a Mesa dará continuidade normal aos trabalhos.
Liderança com
o PMDB, Ver. Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, vou ter que mudar o assunto que me trazia à tribuna no tempo de
Liderança, em homenagem às visitas que estão aí assistindo a tudo isso.
Realmente, quando não existem onze Vereadores na Casa, é facultado a qualquer
Vereador pedir a verificação de “quorum”. É regimental e legal. Existem, porém,
algumas partes da Sessão, onde não se vai votar, e os Vereadores apenas irão à
tribuna para registrar as suas posições, e há um acordo ético-moral que, mesmo
não existindo “quorum”, ninguém solicita verificação do mesmo, a fim de
oportunizar a palavra àqueles Vereadores que têm algo a dizer e que estão, há
semanas, esperando a sua inclusão na relação. Eles vêm à tribuna e colocam as
suas posições. Quero deixar bem claro, também, aos nossos visitantes que a
Bancada majoritária, nesta Casa, é a do PDT - Partido Democrático Trabalhista
-, que têm 18 Vereadores e que, neste momento, conta com apenas 4 em Plenário,
Vereadores Isaac Ainhorn, Teresinha Irigaray, Getúlio Brizolla e Auro Campani.
Então, se não há “quorum”, como não tem havido muitas vezes aqui, é porque a
Bancada do PDT tem estado sistematicamente ausente. E é para esta Bancada que
eu vou mandar o recado: sou Líder da Bancada do PMDB. Tenho assistido...
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Houve uma acusação cabal a um Partido que tem assento nesta Casa e que está
reunido, trabalhando e, neste momento, o Vereador diz que não estão presentes
os Vereadores do PDT. Eu pergunto, então, se o PMDB tem ou não representantes
aqui, além do nobre Líder.
O SR. FLÁVIO COULON: Eu gostaria de dizer que
50% da Bancada do PMDB está presente e menos de 30% da do PDT. Eu vou dar o recado:
em nome da instituição, de decoro, eu estou engolindo, há muito tempo, coisas
que estão acontecendo nesta Casa. Quero deixar um recado: não tenho compromisso
nenhum, não tenho nada por trás de mim que não me permita tomar, no momento em
que achar necessário, as medidas que se fizerem necessárias.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Em tempo de Liderança, com
a palavra, a Ver. Bernadete Vidal.
A SRA. BERNADETE VIDAL: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, tenho que comunicar à Casa e à Cidade de Porto Alegre alguns
acontecimentos lamentáveis por parte da Administração Pública Municipal. Estão
na frente da Prefeitura, em vigília, alguns cegos, um grupo pequeno, é verdade,
que está a descoberto, estão andando na contra-mão fortes interesses que impulsionam
o Sr. Prefeito e o Sr. Secretário Nereu D'Avila a fazer do Centro desta Cidade,
sem prévia consulta, que não seja a consulta aos Srs. Comerciantes do Centro da
Cidade com os grandes desertos que Porto Alegre, daqui a algum tempo, vai
presenciar. Em nome de alguns comerciantes, em nome da opinião desses
comerciantes, nós estamos atualmente desassistidos. Estão tirando o direito de
trabalhar de 26 cegos no dia de hoje, podendo ser de 62 cegos daqui algum
tempo, segundo promessa do Sr. Prefeito Alceu Collares, no Sindicato dos
Diretores Lojistas e na Associação Comercial. Cegos que, como já falei muitas
vezes, já ultrapassaram a idade de ingressar no mercado de trabalho, estão
passando necessidades, estão sofrendo, e isto, Srs. Vereadores, não é a propaganda
do “coitadismo”. Estas pessoas realmente vivem daquelas bancas, precisam do seu
trabalho realmente.
(Aparte paralelo do Ver. Isaac Ainhorn.)
Em nome de que interesses, Srs. Vereadores, o Sr. Nereu D'Avila precisa
fazer isso? Se o Ver. Isaac Ainhorn não desse discurso paralelo e procurasse
ouvir, talvez ele tivesse como defender a sua Administração. O que eu não
entendo, a menos que o interesse seja muito forte, a menos que haja coisas
não-identificadas, eu não sei como explicaria, porque estamos fazendo sabem o
quê, Srs. Vereadores: hoje um cego semi-analfabeto declarou - “o Prefeito está
dando escritura das ruas de Porto Alegre ao comércio”. Eu, se tivesse dinheiro,
colaboraria para consertar, também, a minha Cidade e não estou me manifestando
contra, muito pelo contrário, eu tenho o maior respeito pelo comércio
estabelecido, pelos empregos que ele gera, pelo progresso que ele trás, pelo
imposto que ele paga. Mas tenho o maior respeito, também, por aquelas pessoas
que - não num privilégio como diz o Sr. Nereu D'Avila - privilégio bárbaro de
venderem frutas, verduras e bijuterias naquele vento que está no Centro ou no
sol escaldante, ou abaixo de chuvas. Que privilégio bárbaro! Pois o Secretário
Nereu D'Avila diz que é privilégio. Privilégio de não precisar depender de
esmolas, Srs. Vereadores, inclusive eles instituíram a figura do cego tocando
gaita lá na frente da Prefeitura para trazer de volta a já esquecida imagem. Há
poucos. Eu me lembro que, quando eu comecei a trabalhar em Porto Alegre, havia
cegos pedindo esmolas. Pois o nosso trabalho para que os cegos trabalhassem,
para que os cegos produzissem mesmo, que fosse através deste bárbaro privilégio
de trabalhar na via pública, este nosso trabalho que nós fazemos há anos, este
nosso trabalho está indo por água abaixo. E nós estamos mostrando lá um
estereótipo já meio esquecido: um ceguinho tocando sanfona para o Sr. Prefeito
escutar, para ver se ele quer isso de volta ou se ele quer os cegos trabalhando
e produzindo.
Eu não posso concordar, aceitar a indiferença. Eu sei que há muitos
interesses. Interesses fortíssimos que me fazem até duvidar da honestidade de
certas pessoas. Por nada, por pouca coisa, um Vereador não debocharia. Um
Vereador-Secretário não estaria ridicularizando o trabalho desta Vereadora,
dizendo que eu trouxe cegos de Santa Catarina para trabalhar aqui. Para fazer
manifestação, quando eu tenho o nome, o endereço deles. Todos eles são
cadastrados no SMIC há mais de 10 anos. E o Sr. Nereu D'Avila disse que eu
trouxe cegos de Santa Catarina para fazer manifestação. Por nada não se faz
isso. Por nada não se ri do problema alheio. Tem que haver algum objeto, talvez
obscuro, que não me possa mostrar, definir, que leve um homem, político, eleito
com o voto popular, a achar que trabalhar na rua é privilégio. A achar que
essas pessoas não têm direito de trabalhar. Mas me posicionei sempre ao lado
dessas pessoas e contra os interesses que venham esmagar os interesses delas.
Então, vou andar na contramão de todos esses interesses, de todo o mundo
econômico de Porto Alegre. Esse mundo que me tira a manchete de jornal e,
quando me dá, é meio que depreciando meu trabalho, chamando as coisas que peço
de privilégio, quando é um direito espernear por trabalho. Vender na rua é o
mínimo que quero para os cegos em Porto Alegre e em qualquer lugar. Vender na
rua é o último recurso aos que não chegaram ao mercado de trabalho. E o Sr.
Nereu D'Avila está fazendo brincadeira com isso. Enquanto o Sr. Prefeito me
atende, diz que vai ajudar os cegos, que reconhece os direitos dos deficientes
de trabalhar, pelo menos, nas vias públicas, o Sr. Nereu conseguiu fazer e
talvez não seja só, e sim a Administração, e ouço conversas, mas o fato é que
conseguiram - a Administração do Socialismo moreno - catalisar, estão levando
adiante e vão consolidar o direito apenas dos capitalistas, inclusive na via
pública. É que os capitalistas estão colocando dinheiro lá, e eles lá mandam.
Isso em plena Administração do Socialismo moreno. Meu Deus, o que nos espera.
Apelo à Casa. Porque nem a Bancada do PDT está aqui, a não ser alguns
Vereadores como a Ver.ª Teresinha Irigaray, que preside os trabalhos. Mas tem
gente que vem aqui só para pedir verificação de “quorum” e leva a Sessão na
brincadeira. Apelo à Casa pelos 62 cegos em vias de perderem o seu único meio
de subsistência. Apelo por aqueles 26 cegos e suas famílias que já estão sem
suas atividades porque o Sr. Nereu D'Avila retirou suas bancas e não quer
recolocá-las. O Sr. Nereu D'Avila, que mandado pelo Sr. Prefeito Municipal que
atendesse os problemas dos cegos, levou os cegos para as calçadas do Mercado,
mas levou o dobro de gente que enxerga, é que decerto estes são do PDT. Devem
ser do Partido dele, para não se dizer aqui o que se fala na praça, não quero
nem dizer, que corre dinheiro. Não quero nem dizer isso, porque não enxergo a
cor do dinheiro. Depois, em nome de que interesse se faz isto com esta família
de cegos?
Eles vão ficar lá, tocando gaita, e talvez até acampando lá, enquanto o
Sr. Prefeito não se sensibilize e não mande de verdade neste Secretário, neste
mau Vereador, neste mau Secretário, neste homem socialista, que está servindo
muito bem, com promessas e tudo que fez, aos interesses capitalistas, e só a
este interesse. Aliás, o deboche é o mesmo, continua aqui, é característico.
Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa registra a presença
em Plenário do ex-Vereador do Partido Libertador, Fernando Schneider. Liderança
com o PFL. Ver. Frederico Barbosa, V. Exa. está com a palavra.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores. A Casa, ontem, assistiu a um amplo debate e a uma ampla exposição
do Prefeito Alceu de Deus Collares sobre o que deseja o Executivo Municipal a
respeito do chamado Projeto Praia do Guaíba, que tem como "slogan",
“abrace o Rio”. Além dessa ampla exposição e debate com os Srs. Vereadores
durante toda a tarde e início da noite de ontem, hoje, pela manhã, o Sr.
Prefeito Municipal compareceu a uma emissora de rádio onde iniciou, também, um
debate que diz muito de perto à população de Porto Alegre. Um debate com a
direção do Departamento de Portos, Rios e Canais, DEPREC, estudando-se a
possibilidade do uso do Porto em si. Ou seja, mais especificamente, de alguns
dos armazéns do Porto e, muito especialmente, da via pública que está à
disposição, atrás dessa malfadada cortina que priva os porto-alegrenses de
enxergarem o seu próprio Rio. É evidente que se fale em malfadada porque hoje
ficou muito claro, pela entrevista dos próprios responsáveis pelo Porto, que se
tem seríssimas dúvidas, de que não tendo sido usada até agora, e que Deus ouça
e ajude que não venha a ser usada se até mesmo funcionará na ocasião em que
Porto Alegre possa dela necessitar. E, dentro dessa incógnita, está do lado de
lá uma via ampla sem uso e também em algum dos armazéns do cais do Porto.
E é nesse sentido, aproveitando o debate que foi feito nesta Casa e que
está amplamente divulgado na imprensa de hoje, que gostaria, até mesmo usando o
tempo de Liderança do meu Partido, PFL, mas em caráter pessoal, de dizer que
acho extremamente importante, mesmo não sendo do Partido do Governo e do
Prefeito Alceu Collares e tendo seríssima restrições com a condução que o
Executivo dá aos problemas da Cidade de Porto Alegre, onde desde os buracos, falta
de luz, esgotos todos vazando, tudo alagado e outras coisas mais, além de uma
grande gama de projetos que ainda estão em projetos, mas acho, tenho que ser
honesto, que o debate que o Prefeito abre neste momento poderá, quem sabe, ser
em cadeia e não em prisão, mas em cadeia com a emenda daquilo que se estuda até
a volta da cadeia, até a volta da usina e a oportunidade de se usar até o
Centro da Cidade, algo mais que hoje está tirado do porto-alegrense. Isto me
anima a dizer, porque, em primeiro lugar, não é tão fácil e segura a aprovação
do Projeto Praia do Guaíba. Basta que se leiam os jornais de hoje, a enquete
feita pelos Vereadores. Nós temos muito que examinar para entregar a orla do
Rio Guaíba para os empreendimentos que serão realizados e que, diga-se de
passagem, creio pessoalmente que alguns deles serão benéficos para a Cidade.
Mas esse encadear de um exame que vai do Gigante da Beira Rio até a volta do
Gasômetro e da volta do Gasômetro, usando-se a via que existe no porto, até o
Centro da Cidade, quem sabe propiciará, se pressa não existir, se calma se
conseguir para um exame completo, até mesmo a palavra dos órgãos competentes. A
Direção do DEPREC declarou absolutamente claro, hoje, nas rádios, pela manhã,
que a via, escondida atrás das cortinas, está em plena condições de serem
entregues à população. Não pode dizer que acha que os armazéns têm uso hoje e
que, daqui alguns anos, mais uso será feito, pode ser entregue à população,
como, por exemplo, para colocação de tantos e tantos ônibus que estão
entulhando a Praça XV e a Praça Parobé e a Praça dos Bombeiros. Portanto,
parece-me extremamente salutar este debate com o Sr. Prefeito. Somente me
preocupando um dado, que tudo seja feito com calma. A população quer obras,
precisa de obras. Acho, pessoalmente, que a visão do Projeto Praia do Guaíba,
como visão, e reafirmo este termo, é uma visão boa para a Cidade. Mas teremos
que discutir os fracionamentos desse Projeto que envolve uma série de
equipamentos a serem colocados na beira da praia do rio Guaíba. A devolução da
beira do Guaíba, evidentemente, toda a população quer. Estou plenamente de
acordo com o que ouvi, uma vez, o Prefeito dizer num debate, desafiando alguém
da população, se ao receber um amigo ou companheiro que não seja de Porto
Alegre convida-o para ir à beira do Guaíba? Principalmente nesta área, quem
convida? Com esse desafio, realmente acho que esta beira do Guaíba merece ser
melhor tratada, para que eu possa, também, levar alguém à beira do Guaíba,
nesta área. Mas quero levar com a tranqüilidade de que estarei votando um
Projeto que tem tudo em benefício da Cidade de Porto Alegre. Era isso. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Jaques
Machado):
Liderança com o PT, Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA
(Questão de Ordem): Solicito verificação de “quorum”.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Sugiro que, primeiramente, o Ver. Antonio Hohlfeldt fale e, após, então, seja
feita a verificação de “quorum”.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Getúlio Brizolla, nós
pediríamos, já que o Ver. Antonio Hohlfeldt já estava na tribuna, em tempo de
Liderança, inclusive iniciando o seu pronunciamento, que concluísse e, após, eu
daria a Questão de Ordem.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Agradeço à Mesa e ao Ver.
Isaac Ainhorn, até porque, eu, que tenho discordado tantas vezes da Secretária
Neuza Canabarro, quero, hoje, fazer um registro positivo para com S. Exa., que
é, não apenas o lançamento do 1º Caderno de Restauro sobre o Solar Lopo
Gonçalves, que vai ser lançado formalmente durante esta semana, quanto quero
registrar o trabalho em si, que está aqui documentado, que foi, em parte,
realizado na administração anterior, mas que tem sua conclusão, agora, na
gestão do Prefeito Alceu Collares. Embora eu sinta uma certa contradição entre a
azáfama, a correria que vimos no Executivo, de mudar o Plano Diretor em
detrimento da conservação de áreas da Cidade que, daqui a pouco, serão a
memória viva desta Cidade, e o ato, a decisão concreta de restaurar e conservar
prédios históricos, sem dúvida nenhuma, a recuperação do Solar Lopo Gonçalves,
a decisão de recuperação, por exemplo, já encaminhada, da Usina do Gasômetro e
- espero eu - a restauração de outros prédios históricos - e eu me lembro aqui
do prédio da Av. Independência, que nós
aprovamos a permuta, para poder ser transformado num prédio restaurado,
guardando a memória de Porto Alegre, como sediando uma instituição cultural,
seria o próprio Conselho do Patrimônio Histórico de Porto Alegre - esta é uma
medida altamente positiva, que nós só podemos registrar com alegria e
satisfação nesta tribuna. Vi-me surpreendido, sendo até sido citado como fonte
bibliográfica ao tempo em que atuava no “Correio do Povo”, e que registrei, na
ocasião, numa entrevista de julho de 1974, a criação do Museu de Porto Alegre,
tendo como sede o Solar Lopo Gonçalves. Esse tipo de medida e a documentação,
porque muitas vezes se faz a obra de restauração e não se documenta o estado em
que estava o prédio e o estado em que passou a ficar o prédio. A documentação
de recuperação, a busca do histórico do que teria sido esse prédio ao longo do
tempo, e do próprio processo do restauro às linhas gerais que orientam a
restauração, e cito aqui o exemplo fundamental que temos no trabalho de uma
década desenvolvida por Dona Eva Sopher, à frente do Teatro São Pedro, que
resultou num belíssimo álbum sobre todo o processo de recuperação e de
reconstrução do Teatro São Pedro, é fundamental porque isso realmente marca a
memória da Cidade e do próprio prédio. Quem sabe daqui a 50-100 anos, quando
talvez novas obras sejam necessárias, teremos uma documentação que ajudará aos
arquitetos na sua tarefa de recolocar esses prédios em condições. Nosso
registro, também nosso voto de congratulações para a Sra. Secretária Neuza
Canabarro, com a equipe do CONPAL, especialmente a Arquiteta e Historiadora
Sonia Friedmann, ao companheiro Nelson Torelli Martins, que conhecemos de longa
data nesse trabalho. Nesta conclusão queremos saudar os companheiros do Jockey
Club, porque temos que viajar a Alegrete logo em seguida - temos um compromisso
-, e estaremos ausentes nesta Sessão Solene e queremos dizer que muito nos
honra e muito nos alegra a comemoração na Sessão Solene de hoje. Infelizmente,
estaremos ausentes. Pediríamos que fôssemos representados por outros
companheiros, e não queríamos deixar de fazer esta menção durante este momento.
E mais uma vez enfatizar: acho que obras como esta justificam a existência de
uma Secretaria de Educação e Cultura. Esperamos que em breve coisas assim
possam ser feitas pela tão anunciada, e tantas vezes cancelada e transferida,
Secretaria de Cultura do Município de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 16h09min.)
* * * * *